terça-feira, 29 de dezembro de 2009

TPM

Barriga, inchada.
Seios, explodindo.
Nervos, à flor da pele.

E o útero...
sempre esperando.

(29/12/2009)

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal Tropical

Eu sei, ando consumista, frugal, mundana, quase fútil. E se eu dissesse que sinto alguma culpa nisso, é mentira. Li um texto - bem inteligente, por sinal - de um ex-famosp defendendo seu desprezo por essa época do ano. Aí fiquei pensando se eu também odeio o Natal ou não. A loucura reinante no comércio e nas ruas é desesperadora, disso eu também não gosto. (Eu ando perua e gastona, mas não boto a culpa no Natal, saca?) Assim como o caro colega, eu também tenho verdadeiro pa-vor de músicas natalinas, isso vem dos tempos em que eu cantava em coral, os ensaios começavam em agosto e quando chegava dezembro, eu já estava de saco mais cheio desse repertório que o do próprio Santa Claus. Se eu escuto um cavaquinho tocando Jingle Bells na rua, eu já começo a tremer. Também detesto os clichês europeus dessa época do ano. Todo mundo derretendo de calor e a decoração de Natal cheia de neve, renas, Pólo Norte, que agora, mais do nunca, está ficando datado, Cop15 que o diga! Nunca acreditei em Papai Noel, meus pais me fizeram esse favor. Logo, o que resta do Natal tradicionalmente celebrado?

Depois de tanta elucubração inútil, eu descobri que a-do-ro o Natal! Os clichês não estragam a minha festa. O único que impera e que eu felizmente gosto, é que festejos natalinos, mesmo para quem o comemora de uma maneira pagã - quer dizer, todo mundo, praticamente - tem cara de família. Se ela não vai bem, alguém querido foi embora ou ainda, se não liga muito para festa de fim de ano, realmente, Natal não faz muito sentido mesmo. Como a minha família é de comercial de margarina com um toque de maluquice à la Grande Família, os meus natais são divertidíssimos! E além do aniversariante tradicional, a minha irmã mais velha também completa primaveras, no caso dela, verões. Diz ela que fazer aniversário no mesmo dia de uma celebridade tão proeminente é meio chato, mas é intriga da oposição. Invariavelmente, a família toda está com ela no dia do seu aniversário.

Esta época do ano é corrida, é cansativa, mas eu adoro final de ano. Não há coisa melhor que encaixotar os diários de classe e se mandar pro playground! Não me bate nem um pouco de depressão: nos anos ruins, a gente manda o ano velho para a pqp. E quando acaba um bom, como este - apesar de toda a ralação - eu quero é mais! O cheiro quente de dezembro me deixa feliz e esperançosa.

Então, para quem gosta, para quem não gosta, para quem quer ficar em casa lendo um livro ou enchendo a cara de Cidra Cereser, para quem acredita ou não, um Feliz Natal Tropical, porque esse é o verdadeiro! See ya!


sábado, 5 de dezembro de 2009

Aprendendo a amar vol. 4 - A Máquina do Tempo ***Centésima postagem!***

Há algumas semanas, a professorinha recebeu de uma grande amiga uma verdadeira herança dada em vida - seu acervo de fitas cassete. Ela não tinha mais onde tocá-las, e viu que a professorinha ainda tinha um aparelho de som capaz de tocar essas preciosidades. Perguntou se poderia levá-las à casa da professorinha, que disse: "Manda aí!", sem saber o tamanho do tesouro. Quilos e mais quilos de fitas cassetes em maletinhas de pano, típicas dos anos 1990. "Meu Deus, que eu vou fazer com tudo isso?!" A professorinha tomou como base para calcular o tamanho do acervo de sua amiga o seu próprio acervo de cassetes, que se resume a apenas uma caixinha. Esqueceu-se que a amiga sempre foi exagerada em tudo.

Era tarde pra recusar, e ficou com o trambolho. Nem abriu as maletas, para não cair em desespero. Ficaram jogadas em um canto por uns dias, até que a professorinha tomasse uma decisão. Jamais as jogaria fora, sabia que lá estava a trilha sonora de uma vida inteira, sem contar as raridades que a amiga tinha. Um dia depois do trabalho a professorinha, abriu o baú de Jack Sparrow Dee: duas maletas com gothic rock e new wave, de corte oitentista, mais três de corte sessentista, cheia de Jovem Guarda, rockabilly, doo wop e surf music. Abriu uma por uma, revirou todas para ver se estavam nomeadas e viu seu desespero aumentar. Aquele acervo era indissiociável, aquelas fitas estavam condenadas a ficarem sempre juntas. Eram de um tempo pré CD-R e pré-download, quando os amigos trocavam músicas emprestando vinis e CD´s e gravando em fita cassete suas próprias coletâneas. Sem Napster, iTunes, e ameaças de inferno e purgatório para quem faz download ilegal. A professorinha tinha certeza que seus alunos não conheciam essa Era. Um dia, ela entrou na sala de aula com uma bolsa no formato de uma fita cassete, e um aluno perguntou: "Que é isso na sua bolsa, Prô?", e a jovem professorinha se sentiu um pterodáctilo. Cogitou até usar botox depois dessa.

Na última semana de aula, quando não haviam mais aulas de fato e o poder ultrajovem andava incontrolável pelos corredores, a professorinha estava de papo com uma aluna que amava música tanto quanto ela, falando de bandas novas e antigas, estilos, álbuns, coisa rara de se acontecer. Um duende soprou no seu ouvido e lá pelas tantas, ela perguntou para a aluna se ela tinha onde tocar fitas cassete. Como a aluna disse que sim, ela ofereceu a ela a porção gothic rock do tesouro herdado. Com certeza, ela saberia dar valor às raridades, a garota tem uma maturidade intelectual invejável. O que não a impediu de sorrir feito criança contente com a oferta.

No dia seguinte, a professorinha subiu para sala com uma das maletas recebidas da amiga e um aparelho de som da era cenozóica, disponível para uso em sala de aula. Ligou o som e foi rebobinar as fitas, o que fez ajuntar em volta dela alguns dos alunos mais curiosos. Ficou lá algum tempo conversando com o poder ultrajovem, relembrando histórias da infância e da adolescência, como a vez que, aos quatro anos, rasgou a capa do disco do Menudo das suas irmãs mais velhas e jogou no vaso sanitário gritando "Eu adoro Menudo! Eu adoro Menudo!"; ou quando ia à missa com jeans rasgado e camiseta de caveira para desespero da mãe da professorinha, aos quinze. Os alunos sabiam que a professorinha não era das mais tradicionais, mas ninguém imaginava que ela fosse tão maluca nos bastidores. Riram, e contaram das suas também fora dos muros da escola. Neste instante, o aparelho de som transmutou-se em uma máquina do tempo, que fita por fita, quebrava as barreiras de geração e autoridade, típicas da escola. Progressivamente, iam se esquecendo dos papéis de professora e alunos, para se tornarem o que realmente são: gente. Com história de vida, recordações, preferências, sentimentos. Seria bom se fosse sempre assim.

Quando o sinal tocou, e todos foram pra casa, a professorinha até se animou. Chegou em casa e abriu o baú de Jack Sparrow Dee, pegou o seu Primeiro Gradiente e deu play na primeira fita. Ia ter muito o que ouvir durante as férias.

Para Cássia e Sandra Dee